"A direita não faria melhor"

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José Sócrates passou a ser "a chave que abre todas as portas por onde passam os interesses" do grande capital, acusou, ontem, Jerónimo de Sousa, perante a multidão de bandeiras vermelhas e punhos erguidos que enchia o recinto central da Festa do Avante!

"É por isso que vemos os seguidores e beneficiários da direita política e dos interesses, não só a incentivar, aplaudir e apoiar a acção do Governo, mas a justificá-la e a auspiciar-lhe uma longa vida", acrescentava o secretário-geral do PCP. De tal forma, ironizava, que o PSD e o CDS andam "apardalados" quanto ao modo de fazerem oposição, porque "não fariam melhor que o PS".

Além de reafirmar a sua campanha nacional em defesa da Segurança Social, "pelo direito à reforma e por pensões dignas", o líder comunista anunciou que o PCP vai apresentar um projecto de lei de "valorização do salário mínimo nacional". Mas, acima de tudo, apelou à "participação massiva dos trabalhadores e do povo" na acção de protesto que a CGTP agendou para 12 de Outubro, de forma a que, "partindo do maior número de empresas e localidades", todos "rumem a Lisboa", de forma a que a concentração seja "um poderoso aviso" ao Executivo de Sócrates.

Durante quase uma hora, e sob um sol de transpirar, Jerónimo de Sousa pronunciou-se também acerca da escolha do próximo PGR, considerando que "mal andariam o Governo e o Presidente da República se cedessem à tentação de escolher alguém que ficasse refém da estratégia partidária", que tem como "objectivo enfraquecer o poder judicial, limitar a independência dos tribunais, governamentalizar e partidarizar a justiça", "comprometendo a estabilidade desse importante órgão do Estado e a própria autonomia do Ministério Público, que a Constituição garante".

No comício de encerramento dos três dias da festa, Jerónimo assumiu a actualidade do ideal comunista, anunciou a realização, em Portugal, no mês de Outubro, do Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários e evocou "as riquíssimas experiências de participação e construção colectiva de alternativas ao neoliberalismo": Venezuela, Bolívia e, claro, Cuba. "Num momento em que os inimigos de Cuba exploram o estado de saúde do comandante Fidel Castro", o líder do PCP endereçava "um grande voto colectivo de 'prontas melhoras, camarada!'."

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